Cerca de uma centena de pessoas juntaram-se no Encontro “Para Além do Papel de Doente: Reformulando a Investigação Juntos, da Investigação Pré-clínica até à Prestação de Cuidados de Saúde”, com o objetivo de encontrar estratégias para envolver os doentes, desde o primeiro momento, no processo de decisão e desenho de ensaios clínicos.
De acordo com o docente do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto e diretor do Centro Académico Clínico ICBAS-Santo António, Mário Santos, esta reunião teve, na sua origem, objetivos muito concretos que passam por integrar o doente como uma “voz ativa” nos processos de investigação biomédica. No discurso de abertura do encontro, Mário Santos destacou algumas das premissas que estiveram em cima da mesa: “A investigação deve ser feita com os doentes e não para os doentes. Por isso, com este encontro, pretendemos responder a questões fundamentais para a concretização deste princípio. Queremos saber como podemos integrar de forma sistemática e estrutural a voz dos doentes nos processos de investigação clínica, como é que os doentes querem participar nestes processos, e ainda queremos debater boas praticas nacionais e internacionais que possamos vir a adotar neste âmbito”.
A investigação biomédica centrada no doente tem vindo a ganhar força a nível global, mas a sua consolidação depende da promoção de um diálogo estruturado e inclusivo entre todos os intervenientes. Neste sentido, ao longo do encontro vários foram os desafios levantados por representantes de doentes, como a importância de disseminar resultados de investigação, ou a necessidade de encontrar e diversifica as fontes de investimento, ou ainda aspetos relacionados com a proteção de dados, que foram encontrando resposta nas intervenções dos participantes – desde profissionais de saúde a agências reguladoras, decisores políticos e financiadores.
O balanço é “bastante positivo” e revelador do “interesse e disponibilidade das associações de doentes em fazer parcerias que promovam a integração dos doentes nos processos e decisão, implementação e disseminação de evidência na investigação científica”, reforçando que “daqui em diante, queremos conseguir concretizar projetos de investigação verdadeiramente integrativos”, concluiu Mário Santos.
Os centros académicos clínicos (CAC) existem desde 2016 e de acordo com a ministra da saúde, Ana Paula Martins, são organizações fundamentais na sua “dimensão assistencial, académica e de investigação”. No discurso de encerramento da primeira parte deste encontro, Ana Paula Martins frisou que “a investigação clínica é fundamental num pais que quer ser desenvolvido que procura uma medicina de excelência e um pais com maturidade na área das tecnologias da saúde e os CAC são uma peça fundamental neste ecossistema.”
O encontro “Para Além do Papel de Doente: Reformulando a Investigação Juntos, da Investigação Pré-clínica até à Prestação de Cuidados de Saúde” foi uma organização conjunta entre o CAC ICBAS-Santo António e a Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica (UMIB) do ICBAS.
Fonte: Notícias UP por Bárbara do Carmo Silva / ICBAS
Fotos: ULS de Santo António



